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Idec encontra agrotóxicos em biscoitos, macarrões e bebidas

Idec encontra agrotóxicos em biscoitos, macarrões e bebidas

Data de Publicação: 22 de maio de 2024 20:36:00
Por Alice Andersen
REVISTA FÓRUM

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Uma pesquisa conduzida pelo Instituto de Defesa dos Consumidores (Idec) descobriu que 24 dos alimentos ultraprocessados analisados, produzidos no Brasil - grande parte deles direcionados ao consumo infantil - contêm resíduos de agrotóxicos, entre eles, o glifosato. O número alarmante compõe a pesquisa "Tem Veneno Nesse Pacote", do instituto e foi publicada nesta terça (21).

Distribuídos em oito categorias distintas: desde o popular macarrão instantâneo até inovações como hambúrgueres e empanados à base de plantas. Os itens selecionados para o estudo incluíram os alimentos mais consumidos pelos brasileiros, como biscoitos, presuntos cozidos, bolos de chocolate prontos, sobremesas tipo petit suisse de morango, bebidas lácteas de chocolate, entre outros.

Os três produtos mais vendidos de cada categoria foram escolhidos e os testes de laboratório, realizados pela Coordenação Geral de Acreditação (CGCRE) do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), e reconhecidos pelo Ministério da Pecuária e Abastecimento (MAPA) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), focaram na detecção de resíduos de agrotóxicos, um tema de crescente preocupação para a saúde pública nos últimos anos.

“Precisamos alertar para o perigo duplo do consumo de ultraprocessados. Eles são produtos com excesso de nutrientes críticos, relacionados ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, doenças do coração e hipertensão, além da presença de aditivos alimentares. E também temos consistentemente encontrado traços de contaminação com agrotóxicos nesses produtos, ou seja, são venenos tão potentes que continuam ali mesmo depois dos processos de produção nas indústrias”, destacou a coordenadora do Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec, Laís Amaral.

O teste escolhido é um dos mais abrangentes, com capacidade de detectar resíduos de até 563 agrotóxicos diferentes, de acordo com o Idec. O glifosato, um herbicida amplamente comercializado globalmente, foi identificado como o agrotóxico mais frequente, aparecendo em sete das 24 amostras testadas. Segundo Amaral, o glifosato é classificado pela Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC), vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), como uma substância “provavelmente carcinogênica”, ou seja, que pode induzir ao câncer. Uma reportagem da Fórum detalha essa pesquisa.

A categoria de sobremesas petit-suisse sabor morango foi a única que não apresentou traços de agrotóxicos em qualquer uma das amostras examinadas. Entre os ultraprocessados com mais traços de agrotóxicos, com quatro tipos diferentes em cada amostra, destacam-se: biscoito maisena (Marilan); e biscoito maisena (Triunfo).

Foram encontrados resíduos de três agrotóxicos diferentes nos produtos: hambúrguer à base de plantas (Sadia); empanado à base de plantas sabor frango (Seara); macarrão instantâneo (Nissin); macarrão instantâneo (Renata); e bolo pronto sabor chocolate (Ana Maria). Também foram encontrados resquícios de dois agrotóxicos no produto: empanado à base de plantas sabor frango (Sadia).

E foi identificada a presença de um tipo de agrotóxico nos seguintes produtos: hambúrguer à base de plantas (Fazenda Futuro); empanado à base de plantas sabor frango (Fazenda Futuro); presunto cozido (Aurora); bolo pronto sabor chocolate (Panco); e bebida láctea sabor chocolate (Pirakids).

O Idec vem criticando a flexibilização do uso dessas substâncias há muitos anos. Junto a outras organizações, o instituto integra a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, que atualmente processa a empresa alemã Bayer, junto de outras organizações internacionais pelo uso do glifosato no Brasil.

O Idec tomou medidas firmes contra empresas que comercializam produtos com agrotóxicos em suas composições e enviou notificações às empresas responsáveis. Paralelamente às notificações, o instituto também encaminhou os dados da análise à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A medida visa garantir que a agência tome as providências cabíveis para assegurar a saúde pública e prevenir a comercialização de produtos com agrotóxicos acima dos limites permitidos.

(Com adaptações editoriais. Leia íntegra na Revista Fórum – aqui)

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