Violência: 27 crianças são assassinadas a cada 2 dias no Brasil, diz pesquisa
Data de Publicação: 16 de agosto de 2024 20:18:00
Por Raphael Sanz
CANAL 2N
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública publicaram nesta terça-feira (13) uma pesquisa assustadora com dados sobre a violência contra crianças e adolescentes no Brasil. O levantamento abarca os anos de 2021, 2022 e 2023.
Ao todo, foram 15.101 assassinatos de crianças e adolescentes, de até 19 anos: 4.803 em 2021 e 5.354 em 2022. As faixas etárias são as mesmas usadas nos registros do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme previsto pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
No ano passado, foram 4.944 mortes violentas intencionais de crianças e adolescentes. Mas, mesmo com a diminuição, o total corresponde à assustadora cifra de 13,5 assassinatos por dia, ou 27 crimes desse tipo a cada 2 dias. Dessas mais de 15 mil crianças e adolescentes assassinados, 13.829, ou 91,6%, são meninos de 15 a 19 anos. Cerca de 12 mil, ou 82%, são negros.
Mas esse não é o único recorte da pesquisa que comprova a letalidade do racismo. Também foi calculada a taxa de mortalidade de meninos brancos e negros, de 0 a 19 anos, para cada 100 mil habitantes. Entre os negros, o número é de 18,2; entre os brancos, é de 4,1.
Os pesquisadores destacam que as chances de ser morto sob violência, ainda criança ou adolescente, aumentam em cerca de 4,4 vezes a depender da cor da pele. Se comparados à taxa de mortalidade das meninas brancas (0,9 para 100 mil habitantes), as chances aumentam em mais de 20 vezes para os meninos negros.
Crimes sexuais
A pesquisa também compilou dados de crimes sexuais contra crianças e adolescentes no período e constatou que houve, ao todo, 164.199 casos de estupro e estupro de vulnerável registrados pelas autoridades. Só em 2023 foram mais de 63 mil casos, ou um estupro a cada 8 minutos.
Em 2022 foram 53.906 casos, e em 2021 foram 46.863. O aumento dos registros e denúncias é exponencial, cerca de 35% ao longo dos 3 anos analisados. 87,3% das vítimas são meninas e quase 50% têm entre 10 e 14 anos. Quase 53% são negras. Também foi calculada a taxa de estupros por 100 mil habitantes. Neste caso, a das meninas foi de 131, enquanto a dos meninos foi de 19,9. Em outras palavras, elas têm 7 vezes mais chances de ser vítima de crimes sexuais do que eles.
Na maioria desses crimes, os autores são conhecidos da vítima. Ou da mesma família, ou gente considerada amiga e ‘de confiança’. “Chama a atenção, então, que, mesmo entre as vítimas adolescentes, que já desfrutam de maior circulação no território, a casa em que vivem continua a ser o local onde estão mais propensos a serem vítimas de estupro”, destaca o estudo.
(Com adaptações editoriais. Leia original na RV – aqui)